
o cinema, portal de onde muitas vezes transcendemos coletivamente para lugares inalcançáveis ou inimagináveis, me servia agora como um portal para imagens nunca antes vistas, em que o crucial das mesmas se dava na magia do invisível presente no mundo tangível.


da janela da minha casa enxergo dois espaços bem distintos separados por um muro. de um lado uma vila antiga, do outro, um prédio recém construído. durante mêses registrei as atividades que ocorriam dos dois lados pensando em contrapor estilos de vida tão diferentes. porém, em meio à intolerância, que tanto tem obscurecido a potência dos diálogos nos dias de hoje, decidi que ao invés de evidenciar as diferenças eu iria, pelo contrário, aproximá-los. sendo assim, com o intuito de criar uma zona de ambiguidade desenvolvi uma série de estratégias para que, refletindo as faces paradoxais que constituem a natureza humana, os dois lados viessem a dialogar, se confundir e se conciliar, tanto mais assim quanto mais distante estivessem entre si as pessoas e suas vidas.


ao me ver em meio a milhões de pessoas que se reúniam para celebrar a passagem do ano, meu desejo era entrar na cabeça de cada um e gravar seus pensamentos antes que, como aparições bruxuleantes, fugissem de volta para o subconsciente, onde nunca mais poderiam ser indagados. A minha frente, um único espectador se tornou o meu canal para comungar com a multidão. através daqueles olhos, que nunca pude ver, vislumbrei esse espaço mental indefinido onde desejos e angústias se acendem e se apagam, onde a intimidade relampeja. e, enquanto cada um retomava o rumo secreto da sua existência, no cruzamento caótico dos corpos que quase se tocavam mas se afastavam, pressenti a incompartilhável solidão de sermos o que somos.


da janela da minha casa enxergo dois espaços bem distintos separados por um muro. de um lado uma vila antiga, do outro, um prédio recém construído. durante mêses registrei as atividades que ocorriam dos dois lados pensando em contrapor estilos de vida tão diferentes. porém, em meio à intolerância, que tanto tem obscurecido a potência dos diálogos nos dias de hoje, decidi que ao invés de evidenciar as diferenças eu iria, pelo contrário, aproximá-los. sendo assim, com o intuito de criar uma zona de ambiguidade desenvolvi uma série de estratégias para que, refletindo as faces paradoxais que constituem a natureza humana, os dois lados viessem a dialogar, se confundir e se conciliar, tanto mais assim quanto mais distante estivessem entre si as pessoas e suas vidas.


o cinema, portal de onde muitas vezes transcendemos coletivamente para lugares inalcançáveis ou inimagináveis, me servia agora como um portal para imagens nunca antes vistas, em que o crucial das mesmas se dava na magia do invisível presente no mundo tangível.


buscando surpreender o cotidiano que me cerca há tanto tempo, decidi esconder uma câmera na parte de trás do meu carro e, graças a uma ligeira mudança de ponto de vista, tentar tornar visível uma realidade que se ocultava sob a aparência do comum. passei a observar a atividade no inteiror dos carros que, como nossos pensamentos, parece se desenrolar num mundo paralelo ao exterior. porém, apesar da aparente privacidade, o que supostamente deveria nos envolver e acolher como um abrigo, na verdade, se coloca mais como um palco a céu aberto, separado da platéia por uma fina membrana transparente, um mediador entre duas realidades. através dos para-brisas esverdeados, como peixes num aquário, motoristas e passageiros tem suas vidas expostas e são observados sem se dar conta. ou não...


A partir de um grupo de whatsapp de spotters, pessoas aficionadas por fotografia e aviação, passei a conviver, aprender e frequentar encontros para fotografar aviões em aeroportos e, por vezes, nas próprias casas dos amigos que fiz (home-spotting), normalmente em bairros próximas às cabeceiras das pistas.?


Buscando surpreender o cotidiano que me cerca há tanto tempo, decidi esconder uma câmera na parte de trás do meu carro e, graças a uma ligeira mudança de ponto de vista, tentar tornar visível uma realidade que se ocultava sob a aparência do comum. passei a observar a atividade no inteiror dos carros que, como nossos pensamentos, parece se desenrolar num mundo paralelo ao exterior. porém, apesar da aparente privacidade, o que supostamente deveria nos envolver e acolher como um abrigo, na verdade, se coloca mais como um palco a céu aberto, separado da platéia por uma fina membrana transparente, um mediador entre duas realidades. através dos para-brisas esverdeados, como peixes num aquário, motoristas e passageiros tem suas vidas expostas e são observados sem se dar conta. ou não...


a vida se descortina frente às câmeras fotográficas quer elas queiram ou não. o abrir e fechar das cortinas recortam breves histórias que chegam até nós, espectadores. mas, ao acionar o obturador, frequentemente não nos damos conta de um elemento essencial nesse instante em que a matéria se revela imagem: a espera. ou, ainda, o instante como consumação da espera.


escondido furtivamente atrás da tela do cinema, disfarçado de imagem, pude observar aqueles que deveriam estar observando a vida alheia imersos no transe de seus próprios pensamentos, passando a ser, desavisadamente, as vítimas do meu olhar, e eu, o espectador dos espectadores ou, ainda, o voyeur dos voyeurs.


escondido furtivamente atrás da tela do cinema, disfarçado de imagem, pude observar aqueles que deveriam estar observando a vida alheia imersos no transe de seus próprios pensamentos, passando a ser, desavisadamente, as vítimas do meu olhar, e eu, o espectador dos espectadores ou, ainda, o voyeur dos voyeurs.


4 capitais pelo mundo se confundem aqui em seus centros financeiros, quase como "não lugares". com influência de de chirico e francis bacon o contraste entre a desolação das formas geométricas e a fluidez do corpo humano, um pedaço de carne sendo digerido pela cidade, criam paisagens misteriosas, desconexas, pelo qual uns poucos anônimos, em plena luz do dia e confusão urbana, vagueiam num estado de transe, como num sonho…


algumas coisas são invisíveis a olho nú. elas ocorrem ou muito rápido ou muito devagar para serem vistas como realmente são ou, ainda, se passam sob a escuridão e, por questões físicas, nossos olhos não conseguem captá-las. outras coisas são invisíveis, simplesmente, porque seria inapropriado olhar por muito tempo, uma invasão de privacidade.


em jogo de cena situações observadas no dia-a-dia sugerem um momento particular de introspecção de cada um, como se a realidade em que vivemos também fosse parte de uma ficção vinda da nossa imaginação. as imagens habitam um espaço híbrido, entre o natural e o artificial, onde o cotidiano se mistura ao absurdo borrando as barreiras entre fato, ficção e interpretação.


da janela da minha casa enxergo dois espaços bem distintos separados por um muro. de um lado uma vila antiga, do outro, um prédio recém construído. durante mêses registrei as atividades que ocorriam dos dois lados pensando em contrapor estilos de vida tão diferentes. porém, em meio à intolerância, que tanto tem obscurecido a potência dos diálogos nos dias de hoje, decidi que ao invés de evidenciar as diferenças eu iria, pelo contrário, aproximá-los. sendo assim, com o intuito de criar uma zona de ambiguidade desenvolvi uma série de estratégias para que, refletindo as faces paradoxais que constituem a natureza humana, os dois lados viessem a dialogar, se confundir e se conciliar, tanto mais assim quanto mais distante estivessem entre si as pessoas e suas vidas.


4 capitais pelo mundo se confundem aqui em seus centros financeiros, quase como "não lugares". com influência de de chirico e francis bacon o contraste entre a desolação das formas geométricas e a fluidez do corpo humano, um pedaço de carne sendo digerido pela cidade, criam paisagens misteriosas, desconexas, pelo qual uns poucos anônimos, em plena luz do dia e confusão urbana, vagueiam num estado de transe, como num sonho…


o cinema, portal de onde muitas vezes transcendemos coletivamente para lugares inalcançáveis ou inimagináveis, me servia agora como um portal para imagens nunca antes vistas, em que o crucial das mesmas se dava na magia do invisível presente no mundo tangível.


buscando surpreender o cotidiano que me cerca há tanto tempo, decidi esconder uma câmera na parte de trás do meu carro e, graças a uma ligeira mudança de ponto de vista, tentar tornar visível uma realidade que se ocultava sob a aparência do comum. passei a observar a atividade no inteiror dos carros que, como nossos pensamentos, parece se desenrolar num mundo paralelo ao exterior. porém, apesar da aparente privacidade, o que supostamente deveria nos envolver e acolher como um abrigo, na verdade, se coloca mais como um palco a céu aberto, separado da platéia por uma fina membrana transparente, um mediador entre duas realidades. através dos para-brisas esverdeados, como peixes num aquário, motoristas e passageiros tem suas vidas expostas e são observados sem se dar conta. ou não...


''...a espreita, estou à espreita de algo que passa dizendo para mim: isso me perturba, isso me afeta.'' ''não acredito na cultura; acredito, de certo modo, em encontros.'' - gilles deleuze


algumas coisas são invisíveis a olho nú. elas ocorrem ou muito rápido ou muito devagar para serem vistas como realmente são ou, ainda, se passam sob a escuridão e, por questões físicas, nossos olhos não conseguem captá-las. outras coisas são invisíveis, simplesmente, porque seria inapropriado olhar por muito tempo, uma invasão de privacidade.


a vida se descortina frente às câmeras fotográficas quer elas queiram ou não. o abrir e fechar das cortinas recortam breves histórias que chegam até nós, espectadores. mas, ao acionar o obturador, frequentemente não nos damos conta de um elemento essencial nesse instante em que a matéria se revela imagem: a espera. ou, ainda, o instante como consumação da espera.


''...a espreita, estou à espreita de algo que passa dizendo para mim: isso me perturba, isso me afeta.'' ''não acredito na cultura; acredito, de certo modo, em encontros.'' - gilles deleuze


O outro, o mesmo é um vídeo que se passa entre as curvas de uma ponte de pedestres onde as imagens se desdobram, a cada instante, como um novelo que tem suas extremidades puxadas simultaneamente em direções opostas: parte aponta para o que passou enquanto, simetricamente, a outra lança-se ao porvir, confundindo passado, presente e futuro numa fratura temporal. O vídeo foi gravado como um plano-sequência em que, mesclado ao trânsito imprevisível dos passantes daquele dia, encontra-se um personagem que periodicamente completa um ciclo e se realinha com o seu reflexo, como uma lembrança misteriosa de si mesmo. Enquanto escutamos a trilha sonora que reforça a marcação da passagem do tempo e, simultaneamente, parece se esgueirar melodicamente entre os passantes e as margens do lago, só nos resta pensar que, talvez, simplesmente, o tempo não passe: quem passamos somos nós.


helena nasceu no dia 22 de março de 2013. no quarto da maternidade onde ficamos uma tv vigiava sua atividade no berçário. estas imagens me trouxeram algumas perguntas: como será que tamanha exposição mudará os hábitos da sua geração? será que, sob esse olhar onipresente, ela terá mais medo de errar e, consequentemente, de buscar ideias que desafiem o que está estabelecido a sua volta? terá ela o simples direito de ser esquecida?


''...a espreita, estou à espreita de algo que passa dizendo para mim: isso me perturba, isso me afeta.'' ''não acredito na cultura; acredito, de certo modo, em encontros.'' - gilles deleuze


A partir de um grupo de whatsapp de spotters, pessoas aficionadas por fotografia e aviação, passei a conviver, aprender e frequentar encontros para fotografar aviões em aeroportos e, por vezes, nas próprias casas dos amigos que fiz (home-spotting), normalmente em bairros próximas às cabeceiras das pistas.


A partir de um grupo de whatsapp de spotters, pessoas aficionadas por fotografia e aviação, passei a conviver, aprender e frequentar encontros para fotografar aviões em aeroportos e, por vezes, nas próprias casas dos amigos que fiz (home-spotting), normalmente em bairros próximas às cabeceiras das pistas.


leia mais sobre as histórias e investigações por trás dos projetos flare, não perturbe, transe em trânsito, procissão e outros mais.


escondido furtivamente atrás da tela do cinema, disfarçado de imagem, pude observar aqueles que deveriam estar observando a vida alheia imersos no transe de seus próprios pensamentos, passando a ser, desavisadamente, as vítimas do meu olhar, e eu, o espectador dos espectadores ou, ainda, o voyeur dos voyeurs.


algumas coisas são invisíveis a olho nú. elas ocorrem ou muito rápido ou muito devagar para serem vistas como realmente são ou, ainda, se passam sob a escuridão e, por questões físicas, nossos olhos não conseguem captá-las. outras coisas são invisíveis, simplesmente, porque seria inapropriado olhar por muito tempo, uma invasão de privacidade.


em jogo de cena situações observadas no dia-a-dia sugerem um momento particular de introspecção de cada um, como se a realidade em que vivemos também fosse parte de uma ficção vinda da nossa imaginação. as imagens habitam um espaço híbrido, entre o natural e o artificial, onde o cotidiano se mistura ao absurdo borrando as barreiras entre fato, ficção e interpretação.


A partir de centenas de milhares de mídias espontaneamente compartilhadas num grupo de Whatsapp, me utilizei da edição para montar um “documentário” onde os Spotters, pessoas aficionadas por fotografia e aviação, narram suas vivências com o hobby no Brasil.
